As aventuras de ZP - O astronauta do pedacinho do céu.
América Central, ano de 2007, dia 321
O rio castanho
Passaram-se semanas, e as horas paradas defronte ao rio tornaram-se dias.
A mensagem que o rio trazia era a mensagem que o rio levava.
Uma corrente incessante de honestidade que me levava o pensamento. Nascia “O grão de areia”.
Na praia a onde não tinha estado, cantava a Negra, debaixo de um Sol tropical a seguinte canção:
Para longe parti,
À boleia da corrente,
O rio me levou.
O mar viu me chegar,
E à praia fui dar.
Do teu corpo fui lar.
Pegado na tua pele,
Levaste-me,
Entre os teus seios salgados;
Partis-te.
Fiquei agarrado à memória,
A uma historia só,
A de um marinheiro solitário
E seu corpo doirado;
Era uma noite de tempestade,
E à deriva no mar,
A sereia viu chegar, para não deixar a morte o levar.
Tudo aconteceu ao luar!...
Acordou na praia sem gente.
Sorriu com um doirado no dente,
Pagou, e ao mar voltou;
E o sonho nunca mais o deixou.
Rolavam-lhe as gotas de suor que finalmente se libertavam e enchiam a cara de
cintilantes brilhos de prata como a noite que mais tarde chegaria.
Deitado numa rede balançava ao sabor das ondas do seu corpo, doce nos olhos e
salgado no paladar.
Era hora de fazer as malas e voltar a partir;
Mas antes,
Apresso-me a escrever estas linhas,
Tão breves como o sorriso que se adivinha;
Porque no mundo dos homens,
A liberdade mede-se, pesa-se e conta-se.
Quando é que serei Deus!?
Mais um capítulo para: As Araras da quimera perdida; cujo “O último transfere”
não teve reacção no pequeno universo dos meus amigos leitores...
Deepack Chopra ficou para trás na biblioteca de uma prateleira só.
Um abraço para todos e Pura vida!
Pedro Costa