As aventuras de ZP - O astronauta do pedacinho do céu.
Congo – Odzala - Ngaga - Ano de 2014 – Dia 211
N 0° 24.271' E 14°36.269'
5º Capítulo de: À volta do Mundo 2
Eu tive um amor em Africa - parte II
Tenho andado como sempre a colecionar penas de aves pelos trilhos da selva, e decidi embelezar
a minha rede mosquiteiro pendurando-as à sua volta. Sem querer, criara um espaço
onde os sonhos seriam capturados e esse espaço era por excelência o leito dos sonhos.
A minha primeira noite de sonho, dentro da rede anti mosquito transformada em caçadora
de sonhos foi de uma intensidade espantosa que me levou a escrever sobre eles. Foi uma
mistura de surrealismo com hiper-realismo, dois sonhos distintos e por essa
ordem. O primeiro desenrolar-se-ia na cidade sem nome, paisagem urbana, com ruas
e passeios, pisos de diferentes texturas, visivelmente não havia gente presente,
mas sentia que estava a ser observado. Deslizava sobre duas maçãs envoltas num
velho papel amarelo, com equilíbrio, sem peso, e sem esforço, viajava de pé
rolando com distintas velocidades consoante o piso por onde passava, as maçãs
eram autenticas rodas mas que uma acabou por se partir pois o saco que as
envolvia era velho e estava roto e esse saco de papel era o saco onde eu levo o
pão para comer a meio da manhã durante o trabalho! A leveza e a beleza de poder
me mover sem estar presente o esforço físico recheou o sonho de magia que
aliada ao facto de serem duas verdes maçãs que proporcionavam o movimento se
tornou surreal – magia surreal! Mera coincidência ou não, hoje depois do almoço
abri o baldo do lixo para deitar fora os restos quando dei por mim a ver uma
maçã verde que lá se encontrava… O segundo sonho foi um sonho erótico onde
eventualmente a maçã poderia ter entrado, mas não foi o sucedido. Foi um
crescente acentuar do desejo sexual entre mim e ti, em que frente a frente nos
encontrávamos de pé acariciando-nos onde tu despida me passavas em altura e
nessa pequena parte dos segundos ias ficando mais e mais receptiva ao amor,
mais alta, e eu concentrado entre o teu desejo crescente e o meu espanto
perante o prazer que em ti ia crescendo, olhava-vos eu – agora sei o seu
significado e tu também o saberás.
Hoje sonhei novamente contigo, era noite e andava num triciclo que não era meu, parecido
aquele que eu tinha experimentado conduzi-lo e que se usava como táxi já não sei
bem onde-Puno, Granada, ou seria Tangalle (?), o triciclo era emprestado e
pedalava para o local a onde um espetáculo de rua iria acontecer, procurava um
lugar seguro para o estacionar, pois estava preocupado que mo fossem roubar como
tal teria que ser ao pé de mim e que me permitisse contemplar o espetáculo que
iria decorrer, e encontrei um lugar contra uma parede sombria (tenho ideia que
havia bocados da cidade do Porto, e que a torre dos clérigos aí aparecia) e
assim o fiz quando um casal apareceu e o homem que me fez lembra El Flaco do
projecto das tartarugas em Pacuare – esqueci o seu nome mas não a sua presença –
era alto e seco como uma vara de bambu, olhos da cor dos cabelos negros
apanhados como um rabo-de-cavalo, pele tisnada pelo sol da praia do caribe, pera
a vincar-lhe ainda mais o rosto triangular, lembro-me que quando se debruçou
para alcançar uma tartaruga couro bebé, não perdeu o seu tamanho, no seu olhar
viam-se cataratas se bem me engano, e via-se também o Homem sem o conhecer -
gostei dele – mas neste sonho mostrou-se hostil obrigando-me a desimpedir
caminho e eu lá fui obrigado sem prestar atenção à sua companheira – sim El
Flaco tinha uma companheira e tinha que ser à sua altura, mas não a retive na
minha memória. E assim fui com o triciclo entre as pernas à procura de novo
lugar para estacionar mas foi em vão e já o espetáculo se preparava para
iniciar quando me dei por mim agarrado pelos colarinhos pelo homem que me tinha
escorraçado do sítio a onde primeiramente tinha estacionado – El Flaco -
alçou-me pelos colarinhos sem esforço aparente e… não me fez mal, ouve gente que
falava e falava como se fala no Porto, ininteligível (…), primitivamente. E de
novo me vi a pedalar com vontade de me ir embora, ansioso; o negro asfalto da
rua reflectia as luzes dos candeeiros da cidade pois encontrava-se molhado e a
chuva ainda não tinha caído, mas já se preparava para cair e então apresei-me
para ir embora quando te vi e decidi ir por outro caminho que não era o teu e
voltei de novo para trás para te encontrar e tinha-te perdido…
Na minha rede mosquiteira há penas penduradas de Bycanistes e de Tauraco e outras
que ainda não identifiquei; serão elas capazes de me libertar do teu ser?
Que sonho sonharei eu esta noite (22 de Julho) depois de te ter dito au revoir?
Nota: eu não estou a tomar nenhum medicamento profilático contra a malaria, pois um
dos seus efeitos indesejados são os estranhos sonhos que se têm.
Continua…
Congo – Odzala - Ngaga - Ano de 2014 – Dia 211
N 0° 24.271' E 14°36.269'
5º Capítulo de: À volta do Mundo 2
Eu tive um amor em Africa - parte II
Tenho andado como sempre a colecionar penas de aves pelos trilhos da selva, e decidi embelezar
a minha rede mosquiteiro pendurando-as à sua volta. Sem querer, criara um espaço
onde os sonhos seriam capturados e esse espaço era por excelência o leito dos sonhos.
A minha primeira noite de sonho, dentro da rede anti mosquito transformada em caçadora
de sonhos foi de uma intensidade espantosa que me levou a escrever sobre eles. Foi uma
mistura de surrealismo com hiper-realismo, dois sonhos distintos e por essa
ordem. O primeiro desenrolar-se-ia na cidade sem nome, paisagem urbana, com ruas
e passeios, pisos de diferentes texturas, visivelmente não havia gente presente,
mas sentia que estava a ser observado. Deslizava sobre duas maçãs envoltas num
velho papel amarelo, com equilíbrio, sem peso, e sem esforço, viajava de pé
rolando com distintas velocidades consoante o piso por onde passava, as maçãs
eram autenticas rodas mas que uma acabou por se partir pois o saco que as
envolvia era velho e estava roto e esse saco de papel era o saco onde eu levo o
pão para comer a meio da manhã durante o trabalho! A leveza e a beleza de poder
me mover sem estar presente o esforço físico recheou o sonho de magia que
aliada ao facto de serem duas verdes maçãs que proporcionavam o movimento se
tornou surreal – magia surreal! Mera coincidência ou não, hoje depois do almoço
abri o baldo do lixo para deitar fora os restos quando dei por mim a ver uma
maçã verde que lá se encontrava… O segundo sonho foi um sonho erótico onde
eventualmente a maçã poderia ter entrado, mas não foi o sucedido. Foi um
crescente acentuar do desejo sexual entre mim e ti, em que frente a frente nos
encontrávamos de pé acariciando-nos onde tu despida me passavas em altura e
nessa pequena parte dos segundos ias ficando mais e mais receptiva ao amor,
mais alta, e eu concentrado entre o teu desejo crescente e o meu espanto
perante o prazer que em ti ia crescendo, olhava-vos eu – agora sei o seu
significado e tu também o saberás.
Hoje sonhei novamente contigo, era noite e andava num triciclo que não era meu, parecido
aquele que eu tinha experimentado conduzi-lo e que se usava como táxi já não sei
bem onde-Puno, Granada, ou seria Tangalle (?), o triciclo era emprestado e
pedalava para o local a onde um espetáculo de rua iria acontecer, procurava um
lugar seguro para o estacionar, pois estava preocupado que mo fossem roubar como
tal teria que ser ao pé de mim e que me permitisse contemplar o espetáculo que
iria decorrer, e encontrei um lugar contra uma parede sombria (tenho ideia que
havia bocados da cidade do Porto, e que a torre dos clérigos aí aparecia) e
assim o fiz quando um casal apareceu e o homem que me fez lembra El Flaco do
projecto das tartarugas em Pacuare – esqueci o seu nome mas não a sua presença –
era alto e seco como uma vara de bambu, olhos da cor dos cabelos negros
apanhados como um rabo-de-cavalo, pele tisnada pelo sol da praia do caribe, pera
a vincar-lhe ainda mais o rosto triangular, lembro-me que quando se debruçou
para alcançar uma tartaruga couro bebé, não perdeu o seu tamanho, no seu olhar
viam-se cataratas se bem me engano, e via-se também o Homem sem o conhecer -
gostei dele – mas neste sonho mostrou-se hostil obrigando-me a desimpedir
caminho e eu lá fui obrigado sem prestar atenção à sua companheira – sim El
Flaco tinha uma companheira e tinha que ser à sua altura, mas não a retive na
minha memória. E assim fui com o triciclo entre as pernas à procura de novo
lugar para estacionar mas foi em vão e já o espetáculo se preparava para
iniciar quando me dei por mim agarrado pelos colarinhos pelo homem que me tinha
escorraçado do sítio a onde primeiramente tinha estacionado – El Flaco -
alçou-me pelos colarinhos sem esforço aparente e… não me fez mal, ouve gente que
falava e falava como se fala no Porto, ininteligível (…), primitivamente. E de
novo me vi a pedalar com vontade de me ir embora, ansioso; o negro asfalto da
rua reflectia as luzes dos candeeiros da cidade pois encontrava-se molhado e a
chuva ainda não tinha caído, mas já se preparava para cair e então apresei-me
para ir embora quando te vi e decidi ir por outro caminho que não era o teu e
voltei de novo para trás para te encontrar e tinha-te perdido…
Na minha rede mosquiteira há penas penduradas de Bycanistes e de Tauraco e outras
que ainda não identifiquei; serão elas capazes de me libertar do teu ser?
Que sonho sonharei eu esta noite (22 de Julho) depois de te ter dito au revoir?
Nota: eu não estou a tomar nenhum medicamento profilático contra a malaria, pois um
dos seus efeitos indesejados são os estranhos sonhos que se têm.
Continua…
Eu tive um amor em Africa - parte II.docx |