As aventuras de ZP - O astronauta do pedacinho do céu.
Congo – Odzala - Ngaga - Ano de 2014 – Dia 342
N0° 24.271' E14° 36.269'
13º Capítulo de: À volta do Mundo 2
Eu tive um amor em Africa - parte X
Segunda-feira, vestida de domingo, dia livre despertado sobre uma cama desconfortável e solitária, os pensamentos apresaram-se formando uma linha ordenada hierarquicamente comandada talvez pelo meu ego… Chegavas tu, depois de me ter levantado para desligar o alarme que começava a silvar lá pelas 6:10 e se misturava com os murmúrios da gente da aldeia dos trabalhadores; a tua pele metamorfoseava-se na pele de outro ser, tateava-a e navegava entre dois mundos de aparências diferentes mas com sabores idênticos. O mundo novo que abraçava com jeitos antigos cabia dentro do meu mundo, envolvia-o aprisionando-o entre os meus braços e o meu olhar. Perscrutava uma nova paisagem – mais curta, acidentada, assustada não sei bem porquê, se devido ao passado, se devido ao momento; Uma fonte húmida esperava a minha chegada; e eu contemplava-vos a ti e a ela com o pensamento a fugir-me e a fustigar-me, não tinha presa, mas cansava-me rapidamente…
Esperei que passa-se o tempo, pois não queria expor-me ao lixo e dar-me ao luxo de começar mal o dia… Falhei por raspão e lá estava aquele homem transtornado envergando uma mascara que já não lhe tapava nada vincando ainda mais a sua podridão, o fedor da humanidade. Nunca aprenderei a viver com a falsidade, e pretender que não vejo e sinto o cheiro da merda que se me depara no caminho.
Regressara ao meu canto onde a orquestra já principiara o seu prelúdio – não havia uma nota discordante, uma folha fora do sítio e lembrem-se que tinha à minha frente o coração do mundo – a selva africana.
Prelúdios e fugas de Shostakovich tocavam paralelamente com a orquestra congolesa, mas uma a uma as notas de piano martelavam o meu coração, provocando comoção e inchando a minha garganta impossibilitando-me de engolir o pequeno-almoço. Tive que me concentrar na companhia do livro – seco, rectilínio, mudo, indiferente; e transitava entre os teus seios e os dela, a profundidade dos olhares, as distintas voluptuosidades de ambas, os segredos guardados, só no pensamento… Havia um sabor doce-amargo nos lábios do meu pensamento, havia uma pequena sensação de que o amor envelhecerá, se tornara mais maduro, independente…Ainda não tinha a certeza mas sabia que a vida avançara em direcção à morte – como haveria eu de espreme-la sem que a perdesse para sempre, para a morte?
Congo – Odzala - Ngaga - Ano de 2014 – Dia 342
N0° 24.271' E14° 36.269'
13º Capítulo de: À volta do Mundo 2
Eu tive um amor em Africa - parte X
Segunda-feira, vestida de domingo, dia livre despertado sobre uma cama desconfortável e solitária, os pensamentos apresaram-se formando uma linha ordenada hierarquicamente comandada talvez pelo meu ego… Chegavas tu, depois de me ter levantado para desligar o alarme que começava a silvar lá pelas 6:10 e se misturava com os murmúrios da gente da aldeia dos trabalhadores; a tua pele metamorfoseava-se na pele de outro ser, tateava-a e navegava entre dois mundos de aparências diferentes mas com sabores idênticos. O mundo novo que abraçava com jeitos antigos cabia dentro do meu mundo, envolvia-o aprisionando-o entre os meus braços e o meu olhar. Perscrutava uma nova paisagem – mais curta, acidentada, assustada não sei bem porquê, se devido ao passado, se devido ao momento; Uma fonte húmida esperava a minha chegada; e eu contemplava-vos a ti e a ela com o pensamento a fugir-me e a fustigar-me, não tinha presa, mas cansava-me rapidamente…
Esperei que passa-se o tempo, pois não queria expor-me ao lixo e dar-me ao luxo de começar mal o dia… Falhei por raspão e lá estava aquele homem transtornado envergando uma mascara que já não lhe tapava nada vincando ainda mais a sua podridão, o fedor da humanidade. Nunca aprenderei a viver com a falsidade, e pretender que não vejo e sinto o cheiro da merda que se me depara no caminho.
Regressara ao meu canto onde a orquestra já principiara o seu prelúdio – não havia uma nota discordante, uma folha fora do sítio e lembrem-se que tinha à minha frente o coração do mundo – a selva africana.
Prelúdios e fugas de Shostakovich tocavam paralelamente com a orquestra congolesa, mas uma a uma as notas de piano martelavam o meu coração, provocando comoção e inchando a minha garganta impossibilitando-me de engolir o pequeno-almoço. Tive que me concentrar na companhia do livro – seco, rectilínio, mudo, indiferente; e transitava entre os teus seios e os dela, a profundidade dos olhares, as distintas voluptuosidades de ambas, os segredos guardados, só no pensamento… Havia um sabor doce-amargo nos lábios do meu pensamento, havia uma pequena sensação de que o amor envelhecerá, se tornara mais maduro, independente…Ainda não tinha a certeza mas sabia que a vida avançara em direcção à morte – como haveria eu de espreme-la sem que a perdesse para sempre, para a morte?
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