As aventuras de ZP - O astronauta do pedacinho do céu.
Congo – Odzala - Ngaga - Ano de 2015 – Dia 18
N0° 24.271' E14° 36.269'
16º Capítulo de: À volta do Mundo 2
Eu tive um amor em Africa - parte XIII e última.
Inversa viagem - o desfazer do desfeito, casas sem gente, árvores sem folhas, ruas sem trânsito. O frio oprime a paisagem; há um bando de pombos inchados pousados num fio, é sábado, mas poderia ser bem domingo e joga-se futebol para não variar – parecem todos profissionais – camisas a condizer e números nas costas. Aqui dentro deste comboio fantasma todos estão bem vestidos, e ausentes comunicam com o além… Há também estrangeiros em viajem… tal como eu… Existem três bicicletas estacionadas na estação de Aveiro, e uma a circular; finalmente um punhado de gente nas ruas da cidade apanhados pelo meu olhar. De um modo geral tudo se encontra parado, só o comboio se move e quase que me trai o meu reflexo imóvel na janela a olhar para mim. Cheguei a casa, ligo o radio que há seis meses se encontrava parado na mesma estação e… mais um sentido que se desperta - um avião que rasga o silencio vindo do céu e vozes angelicas que me chamam para a vida eterna (…); abro a persiana e… avisto o que está lá fora pela mesma abertura na cortina que abre as vistas para o eterno inverno, a mesma eterna presença da minha pessoa cá dentro metida num exíguo espaço sabendo que lá fora a cidade também não é maior.
A viajem terminara e evaporava-se o pouco que restara vindo de um lugar próximo ao Sol – o calor ainda agarrado aos objectos, o cheiro a terra contido num cantil de água, o mofo absorvido num boletim de vacinas, memórias à superfície da pele e da razão; umas quantas horas passadas e tudo voltava ao “normal”, tudo se ajustava ao ritmo invisível de um lugar visivelmente mais pequeno submetido a incompreensíveis poderes dominantes.
Daqui para a frente me encontrarei entre duas realidades aparentemente distintas pois sabia - sem poder identificá-las - que a fronteira que as separa seria uma fronteira mutável e que a verdade não escolheria em que lado se alojar pois a realidade era una e para poder vislumbra-la, seria preciso abandonar a própria existência.
Congo – Odzala - Ngaga - Ano de 2015 – Dia 18
N0° 24.271' E14° 36.269'
16º Capítulo de: À volta do Mundo 2
Eu tive um amor em Africa - parte XIII e última.
Inversa viagem - o desfazer do desfeito, casas sem gente, árvores sem folhas, ruas sem trânsito. O frio oprime a paisagem; há um bando de pombos inchados pousados num fio, é sábado, mas poderia ser bem domingo e joga-se futebol para não variar – parecem todos profissionais – camisas a condizer e números nas costas. Aqui dentro deste comboio fantasma todos estão bem vestidos, e ausentes comunicam com o além… Há também estrangeiros em viajem… tal como eu… Existem três bicicletas estacionadas na estação de Aveiro, e uma a circular; finalmente um punhado de gente nas ruas da cidade apanhados pelo meu olhar. De um modo geral tudo se encontra parado, só o comboio se move e quase que me trai o meu reflexo imóvel na janela a olhar para mim. Cheguei a casa, ligo o radio que há seis meses se encontrava parado na mesma estação e… mais um sentido que se desperta - um avião que rasga o silencio vindo do céu e vozes angelicas que me chamam para a vida eterna (…); abro a persiana e… avisto o que está lá fora pela mesma abertura na cortina que abre as vistas para o eterno inverno, a mesma eterna presença da minha pessoa cá dentro metida num exíguo espaço sabendo que lá fora a cidade também não é maior.
A viajem terminara e evaporava-se o pouco que restara vindo de um lugar próximo ao Sol – o calor ainda agarrado aos objectos, o cheiro a terra contido num cantil de água, o mofo absorvido num boletim de vacinas, memórias à superfície da pele e da razão; umas quantas horas passadas e tudo voltava ao “normal”, tudo se ajustava ao ritmo invisível de um lugar visivelmente mais pequeno submetido a incompreensíveis poderes dominantes.
Daqui para a frente me encontrarei entre duas realidades aparentemente distintas pois sabia - sem poder identificá-las - que a fronteira que as separa seria uma fronteira mutável e que a verdade não escolheria em que lado se alojar pois a realidade era una e para poder vislumbra-la, seria preciso abandonar a própria existência.
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