Tenho pressa de escrever pois temo que tudo se venha a
esquecer. As clarividências que diante de mim se passeiam, não esperam, e partem
de novo pelo caminho de onde chegaram– o caminho da História dos homens. A
monotonia da repetição envenena-me, decepa-me a vida que agora me parece começar
a fazer sentido depois de realmente (?) me dar conta de que estou a morrer. Eis
que a denuncia se torna imperativa; a denúncia de quem sou e de como vejo o que
os outros são.
Resta-nos a fantasia, para continuarmos a viver.
Tudo à nossa volta continuará a contra existir.
As nossas almas voam de encontro com o olhar das outras almas,
E estilhaçam o brilho do nosso olhar.
Perdemos o tino;
E o nosso caminhar deixa pégadas para o sempre pegadas na areia do mar.
Somos vencedores.
Engulo a saliva a custo, tremelejam as lágrimas que evaporam nos céus do oeste,
coço a picada de mosquito e concentro-me nas malditas palavras mudas.
Coço-me, logo existo.
E com a alma voa a fantasia.
Ring ring, why don’t you give me a call…
Mas o nosso estado de graça não pode residir na fantasia, pois ela cansa-se de dançar,
E nem que seja só um mosquito para nos acordar.
Todos os dias vou ao meu funeral, na esperança de que um novo ser se levante do caixão.
Todos os dias morro um pouco, mas morrerei mais quando morrer de todo.
Ah sempre a morte, ao teu lado e já não basta a sombra que não te deixa voar.
Que se danem todos! Não se assustem queridos amigos distantes pois a vida continua a
caminhar com as suas aparentes trivialidades;
Consome tudo – o tempo e o espaço e a própria fantasia de acreditar que neles não acreditamos.
Canberra & Wyndham 2013