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Retalhos da vida de um Naturalista

11/10/2016

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Na selva do Congo
​

Capítulo 7
​

“Estado de espirito II ”


 
Já trazia gravadas no meu coração as músicas que iriam ser tocadas durante o caminho solitário que iria percorrer na selva do Congo.
Tal como um leitor de música digital, as melodias surgiriam numa ordem aliatória, no entanto soariam inesperadamente, isto é, sem que o botão do “play” fosse accionado.
Não sei se a estória contada pélo escritor Paul Auster no livro “A música do acaso” era baseada numa personagem real. Contudo a raiz do pensamento que o levou a pensar na construção da personagem principal do curto romance, era nutrida por um substracto real. A semente tinha sido plantada no seu ser...
O sentimento de aproximação a esse personagem ”ficcional” não era intrínseco ao agora, a este preciso momento em que escrevo estas palavras enquanto espero que a chuva pare de tamborilar no duplo tecto da tenda de campismo onde me abrigo.
Não sei já quantas seriam vezes tinha sido eu gazeado com os toxicos vapores do livro em questão; mas julgo perceber o estado de espírito em que me encontrava e me encontro quando o meu arquivo musical / sonoro começa a tocar pedaços de músicas aleatórias (...) – solidão! Sim, Solidão, a devastadora solidão dos seres humanos; intrinsecamente Humana (...) que inadvertidamente sinto, sentimos, estejamos nós sentados à mesa rodeados da nossa família, ou como eu aqui, sozinho, circulando pélo sistema cardio vascular do coração do mundo (a selva do Congo).
A música é um sonho que nos pode despertar para o pesadelo da realidade.
Continua a chover. Doí-me as costas; roi-o as unhas. Penso ligeiramente no programa do dia de trabalho, nas pilhas da minha lanterna que uso para poder escrever e que estão a ficar fracas. São 08:33 da manhã. Estico-me ao comprido no chão da tenda e digo ao meu corpo para se ajustar às irregularidades do solo. Desliza um verme na janela de rede sobre a minha cabeça; aqui e ali pequenas abelhas sem ferrão procuram uma saída ou qualquer coisa que eu não sei; entraram ontem de tarde aquando da minha chegada ao lugar predestinado para acampar. Eram milhares delas que freneticamente zumbiam à minha volta que me cobriam a pele e as roupas transpiradas. A tarefa de desfazer a mochila e montar a tenda depois de 5 horas de caminhada com a atenção permanente sobre o chão que pisávamos tornava-se agora uma corrida contra relógio e um desafio à concentração para executar a tarefa (fosse ela qual fosse) debaixo de uma nuvem de pequenos insectos que me cobriam e cujo o cheiro que libertavam aquando de serem bruscamente afastados da pele começava a enjoar.

Entalo sobre as folhas deste livro
Um novo pedaço de memória – uma embalagem de “Thé de haute qualité”
Sou um forasteiro neste lugar;
Os sons que me chegam aos ouvidos são-me estranhos,
Sobretudo o dos meus irmãos – os Homens.
Pois o vento conheço-o eu,
E mesmo a pequeno invisível ave que canta debaixo da sombra das árvores – Pitiqiriqiriripiririqiriri.
Também ela conhece o vento, entende-o,
Mas sabiamente deixa que o mundo passe à sua volta.
Eu, agarro o seu canto e entalo-o entre as folhas deste livro.
Tento-me salvar da solidão dos Homens.
 
As memórias são perigosas quando se desprendem do presente.
 
 

Primeiro acampamento missão 1B - 34 M 455495 9801858
 


Retalhos da vida de um Naturalista – Na selva do Congo Capítulo 7 “Estado de espirito II”
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Retalhos da vida de um Naturalista

11/4/2016

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​Na selva do Congo

Capítulo 6
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“Estado de espirito I ”
​


 
“We travel, some of us forever, to seek other states, other lives, other souls.”  Anais Nin
 
Não hã estrelas no céu. É noite. Encontro-me debaixo de milhões de folhas de árvore. Apago a lanterna. Perco o Norte. Abre-se o céu a meus pés.
Constelações formadas por inumeráveis minúsculas minhocas fosforescentes cobrem o céu dos meus pés. Sinto-me um cosmonauta. O mundo encontra-se de pernas para o ar!
Nos meus sonhos olho-te e vejo a razão de te ter perdido. O sonho traiu-me, o sonho do homem, a linha infinita do horizonte, a utopia, todos em conjunto me expulsaram do teu coração.
Persigo-me, perseguindo-te. Caminhas e estendes o braço para trás; abres a palma da mão e chamas-me com os teus dedos como quem toca piano - tocas de costas viradas para o meu coração. E então eu acelero o passo e inicia-se o dueto – os meus dedos tocam na palma da tua mão e deleita-se o coração. Harmonias do passado, eternamente soando no presente.
Os pássaros são o meu despertador preferido. Contudo ás vezes acordo a meio da noite com o piar da coruja dos bosques africanos ou com o raro dueto do
Afropavo congensis - Pavão Congolês - espécie endémica da república Democrática do Congo. A fêmea e o macho alternam as vozes de tons distintos – gowaa/goway, respectivamente; é um dueto próximo aos seus parentes orientais. Lá fora o espaço sideral estende-se e cobre a selva e o pensamento. A 1 grau abaixo da linha do equador, são poucas as horas que  faltam para o despertar de outros seres, outras aves. E sim, o dia como sempre - em torno da natureza - anuncia-se com as vozes emprestadas das criaturas aladas. E começa como acabou com a lanterna na cabeça dentro da mina dos sonhos ainda mal diluídos pela escassa luz nascente.
A primeira missão foi concluída com sucesso. Foram poucos os animais avistados e seus indícios e bastantes os indícios humanos encontrados pélo caminho - armadilhas, cartuchos de espingarda e trilhos cortados - num parque nacional onde a caça é proibida, mas no entanto... A selva é um mosaico de distintas vegetação – à beira rio (Luilaka) uma banda estreita de palmeiras
Raphia sp. Coloniza a floresta inundada pelas águas do rio que na estação pluviosa galgam as suas margens; caminha-se bem, o soto-bosque é aberto, o solo é firme, contudo com água acima do tornozelo. É um belo pedaço da selva, lembrando um parque citadino. Verdes frescos novelos de folhas entrecortadas de jovens palmeiras de mãos e braços enredados umas nas outras - todas filhos e filhas da mesma Mãe - pequenos oasis de brincar, parques infantis – como na secção de jardim no Ikea com os vasos de palmeiras juntinhos formando uma ilha tropical. Um pouco mais a dentro da selva as árvores caminham sobre andarilhos – Uapaca sp. É a gora a espécie dominante. Estranhos seres autotróficos que vivem temporariamente com os pés dentro de água. A caminhada é extenuante pois o solo é agora uma armadilha onde os nossos pés se enterram facilmente no indecifrável solo que nos engole subitamente com a ajuda da carga que levamos às costas. Chega-se então à terra firme, finalmente (!) mas não é o fim das dificuldades pois espera-nos manchas de cerrada vegetação – Marantaceas que nos obrigam a prosseguir lentamente à medida que o navegador a incançáveis golpes de manchette vai abrindo caminho, aqui não se vé mais longe do que 1 metro! Há também outros exóticos obstáculos tais como as manchas de Lianas onde uma espécie de palmeira escadente se lança sobre tudo e todos com os seus arpões afiados para se agarrar e assim chegar ao Sol. Os seus caules fibrosos estão cobertos de milhares de espinhos que ora perfuram o pobre calçado alcançando a pele, ora os imprevidentes caminhantes que se agarram a eles quando perdem o equilíbrio no emaranhado de lianas.
O retorno a Monkoto não é propriamente um intervalo no trabalho e os preparativos para a próxima missão, alternam-se com os afazeres do quotidiano num lugar a onde não há água canalizada, luz eléctrica nem espíritos livres da sua condição de pobres fase a um sistema que permanentemente exige de cada individuo a sua cota parte de consumo e respectiva integração.
A Lua enche de luz a vila. Os coqueiros e as velhas casas coloniais de vidraças quebradas esperam que o tempo as derrube. Parecem cansados de existirem sem razão de ser.

Retalhos da vida de um Naturalista - capitulo 6 - Estado de espirito I
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