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Retalhos da vida de um Naturalista 

12/27/2016

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Na selva do Congo ​

Capítulo 10​
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“Ponto de fuga”
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Tinha que vir ver o fim para poder me aproximar dele. Um dia ganharia asas, um dia... O caminho sou eu, eu sou o caminho - também serviria para me apaziguar quando olhava em todas as direcções e já não sabia para  onde voltar. Por momentos vivia de novo, o vento era-me de novo familiar e quando via uma ave já não sofria por saber da tua ausência. Neste preciso lugar eu perdia o tempo com o vento que soprava para longe os pensamentos que há minha volta se preparavam para poisar; o vento devolvia-me a clareza ao olhar, a saúde e voltava a viver uma estranha existência daquelas que nos permitem um dialogo sério, compreensível com as crianças; ter a força de poder crescer tão alto como os tristes coqueiros aqui plantados que não se tocam e convida-los para dançar. Ser alto implica ver longe e eu queria ver longe, para fora e não para dentro - para o deposito de memorias que se apagava lentamente como as pegadas deixadas na areia da praia, que se extinguia, por causa de incompreensíveis forças. Dentro, na escuridão do ser humano, as respostas aos porquês revelavam-se infinitas, encastradas umas nas outras – matrioskas rusas - um labirinto, um infinito estado de existir sem saber bem o Porquê. Por isso a imagem de Deus é uma imagem externa, nunca interna, Deus é espaço, oceano que se sulca, terra que se percorre, uma ideia.
​
25 de Dezembro, de volta ao corpo, doce de ananas, banho de rio, banho de sol; o pensamento também se cingiu ás forças do presente. Espaço para as palavras para a tentativa de dialogo, mais uma tentativa (...). Mais umas páginas lidas “A história épica de um povo” – Congo, uma breve saída para ver aves, um infindável numero de Bonjoures, Hellos, Mbote, uma espreitadela na igreja, um geral desconforto de ser observado, a ressaca de um estado de espírito melancólico, privado de liberdade, longe muito longe daqueles que mais gosto e paradoxalmente a uma vida de distância daqueles que mais gostaríamos de amar!

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Retalhos da vida de um Naturalista - Capítulo 10 - “Ponto de fuga”
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Retalhos da vida de um Naturalista

12/20/2016

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Na selva do Congo

Capítulo 9

“Dias inteiros nas árvores”
 




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...”a vida é para não se fazer nenhum andar sempre à boa vida, mas ao mesmo tempo, ao mesmo tempo, ao mesmo tempo não fazer nenhum é uma chatice. No fim de contas vai dar tudo ao mesmo, trabalhar não trabalhar, começa ganha-se o hábito lá vamos nós no barco o que é preciso, o que é preciso não é lamentar nada, apenas isso.”

Marguerrite Duras

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Janvier mudou de roupa, à saída de casa noto as usuais duas peças de roupa de domingo  - Jeans e camisa branca de finas riscas azuis; também trocou os chinelos de dedo por um bem conservado par de sapatilhas. Está vestido com o uniforme de domingo. Janvier vai à missa, são cerca de 8 horas da manhã. Eu cá, sentei-me aqui a descascar amendoins num pequeno pátio debaixo da sombra à entrada da casa a onde habito, exposto aos olhos dos transeuntes que sobem e descem a avenida do porto – um largo caminho de terra arenosa separado por uma decrepita cerca construída em bambu. Aqueles que no caminho param e me observam causam-me ora por vezes raiva, ora por vezes compreensão - sobretudo quando são crianças - espiam-me tal como nós o fazemos quando vamos ao jardim zoológico. Tenho a certeza que esses animais enjaulados nos cuspiriam em cima se soubessem cuspir. Numa ocasião, levanto-me com vontade de agredir um jovem que especado no portão da entrada da casa me observa. Pergunto-lhe se procura alguém, responde-me que espera uma pessoa da casa contigua mais baixo e de imediato pede-me 500 francos para comprar um sabão para lavar a roupa, imitando com o braço o acto de se lavar. Para não o mandar à merda, indico-lhe o caminho do mercado e digo-lhe que aqui não é uma mercearia. Quase todos, esticam a mão – do inválido ao válido, da criança ao idoso. É a pedinchice permanente. Ter a cor da pele branca não só é sinónimo de riqueza como também de caridade. Volto a por os auriculares nos ouvidos e regresso de novo a casa, à terra a onde nasci. Tantas interrupções na peça de teatro que escuto, já o sabia de antemão se saísse do meu quarto e me expusesse. Bernard um dos cozinheiros do projecto aproxima-se e espanta-se com a minha escrita e o stylo com que escrevo. Pergunta-me que cor é essa com que escrevo, respondo-lhe que é cinzento, que escrevo a grafite tal como um lápis e que não escrevo com um lápis mas sim com uma lapiseira. Era a primeira vez que Bernard punha os olhos numa lapiseira. Lavo de novo as mãos (descasco amendoins) pois ainda não consigo deixar de dar um passou-bem às pessoas que me conhecem e que me visitam. Está um dia de céu azul esborratado com tons de cinzento. Se pegarem numa folha branca e a pintarem de azul bébé, sujarem as almofadas dos dedos com uma pelicula de grafite e os passarem sobre o azul do papel, poderão ver a cor que agora tem o céu sobre Monkoto. Há dias de verão assim nas manhãs das nossas praias. Sim decidi-me à estupida tarefa de descascar amendoins, livrar-me da fina pele avermelhada que cobre as saborosas sementes torradas. Ninguém aqui o faz, só eu, e todos se espantam e me dizem que a razão de não o fazerem deve-se às vitaminas contidas na pele...
Perdi a asa da borboleta que nesta página onde escrevo a tinha guardada. Restam agora suaves traços de minúsculas escamas lembrando o pó das estrelas. Como são belas as borboletas! Poderia ter sido um coleccionador de borboletas – um leptidopeterista (amador), se não as amasse tanto! Capturá-las-ia com uma longa rede tal como o especialista Hungaro que por aqui passou o fez e que outros o faloão também e com uma ligeira pressão do dedo indicador e do polegar lhes tiraria a vida esmagando o tórax e assim destruindo os seus órgãos vitais; desta forma aumentaria a colecção, o prestigio, possuindo para sempre raras espécies ou mesmo até descobrindo novas espécies para a ciência!

“Dias inteiros nas árvores”
– o teatro continua. Os olhos adaptaram-se ao verde das selvas de onde originamos, a alma desajustou-se da espessa natureza da mesma selva e procura agora a sua natureza (perdida?) nos mais diversos horizontes.

...”sozinha, preciso de estar sozinha quero ser ainda mais infeliz quero estar ainda mais só, porquê? Isso é comigo. Há uma razão mas eu não digo qual é. Preciso de pensar, pensar, pensar há uma necessidade de recuperar toda está comédia que durou setenta e tal anos e que não faz sentido nenhum, não faz sentido nenhum e como a morte ainda não veio, então pensemos, reencontremos, façamos tábua rasa do passado, rodeamo-nos de flores como uma rapariga; que se lixem todos, todos, todos, todos! Ah que maravilha!"


Passa um milhafre, e outro, e mais um bando alegre de pequenos psitacideos, há também pássaros sol, andorinhas das palmeiras, tentilhões de mascaras vermelhas que pululam as longas ervas carregadas de sementes ao longo dos caminhos, e daqui não vejo o rio e o seu corpo ondulante, espesso, carregado de negros peixes de longos bigodes tentaculares, mas ouço-o atraves dos Ibis que parecem reclamar da sua triste vida e que na sua floresta ribeirinha habitam. Monkoto é um acidente na paisagem. É a Natureza que reina sobre a aldeia dos homens, sobre os sonhos dos colonos europeus que outrora ergueram sólidas casas que com o peso do tempo e hoje cheias de nada se desmoronam pedaço após pedaço - a coluna do vão de uma escada exterior que caiu e aí ficou e nunca mais se levantou, lembrando o nariz da esfinge, algo incomensuravelmente pesado para ser levantado de novo. Tudo o que cai aqui nunca mais se levanta!

...”naturezas fáceis, sim nunca tiveram de lutar contra o prazer de viver. Estudos, situações, casamentos, tudo surgiu naturalmente. Tu não podes entender a tristeza dessas existências seguras, sólidas; a angustia que me invade quando penso nos meus filhos perfeitamente acabados, definidos, adultos, adultos até ao tutano, até aos cadavers, mais tarde sem uma ruga.”


A peça continua ouço-a uma vez mais. Adormeço embalado pela língua materna, e de novo recomeço-a até ao seu fim.



 

Retalhos da vida de um Naturalista - Capítulo 9 - “Dias inteiros nas àrvores” por ZP
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Retalhos da vida de um Naturalista

12/8/2016

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Na selva do Congo

Capítulo 8


“Estado de espirito III”
 
“O destino de uma pessoa nunca é um lugar, mas uma nova maneira de ver as coisas.”
Henry Miller
 

Levou 4 meses até que chegasse a chaleira que me iria servir água quente na selva. A primeira tentativa de encomenda - vinda de Kinshasa - não resultou pois era eléctrica...
Tivesse eu um cavalo com quem conversar e nas noites frias ao relento aqueceria ápgua na chaleira e tomaria um café negro escutando os uivos dos lobos e apreciando as suas silhuetas recortados pela lua cheia, prenha de luz. Aqui, sempre aqui, até tudo acabar, a chaleira é a minha amiga e o conforto que me dá deixa-me contente. A chaleira tem uma pega e é exclusivamente usada para aquecer a água das pequenas linhas de água ora tingidas pelas folhas tal como um chã do Ceilão ora transparentes correndo sobre leitos arenosos, ambos invisíveis do céu, cobertas pela selva. Com a sua chegada a vida no acampamento tornou-se mais confortável; Acabaram-se as panelas ao lume de pegas escaldantes embrulhadas em folhas verdes para evitar queimar os dedos – corrida contra-relógio – mesmo com o testo que se levanta a custo e se lhe dá uma volta para o pousar no chão devolvendo-o à sua mãe panela mais ou menos livre de restos de folhas do chão. Já não é preciso um copo de plástico para retirar a água que pouco-a-pouco vai acumulando impurezas das diversas vezes que as pessoas se servem. Creio que Jean, o cozinheiro também está contente com a nova companheira (o novo utensílio de cozinha) e já não tem que se apressar para reusar a panela que serve também para cozer o peixe fumado os feijões ou o arroz. Made in China letras bem visíveis gravadas entre os cravos de alumínio que seguram um dos lados da pega, corpo em alumínio, pescoço em forma de cisne e boca de peixe, alça basculante – que se move empurrando-a de um lado para o outro permitindo o acesso à tampa central que dá acesso à grande barrida de 2,5 l de capacidade - legíveis no lado oposto das letras gravadas do país que a pariu entre os cravos cravados; são ambas em plástico a alça e a pega lembrando madeira de cerejeira; a pequena pega lembra um sino invertido e a grande pega - a alça, indiferente ao fogo que aquece a água fria confere-lhe um ar tranquilo, confiante que me inspira conforto. A noite aproxima-se, fogo após fogo, a chaleira vai perdendo o seu brilho exterior, pois por fora ela cobriu-se de negro mas por dentro ela brilha, ela é de prata! Sobre mim, chamo a noite que me cobre. Espanto a tristeza. A selva enche a minha tenda de tranquilizantes sons crepusculares. O sono chegará. De manhã cedo a chaleira me esperará!
 
Na fisura do meu coração,
Penetrou o brilho de uma pequena estrela,
E como quem abre uma laranja em dois,
Abriu o meu coração ao mundo.
A noite iluminou o dia
Que me saudou da mesma forma despreocupada,
 Como se o fim não existisse.
Declarei-me - confiante do meu amor.
Debaixo da sombria selva,
Fui luz por um instante. 


Retalhos da vida de um Naturalista – Na selva do Congo Capítulo 8 “Estado de espirito III”
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