Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Luís Vaz de Camões
Há um latente e intencional conflito geracional na nossa sociedade onde até os
“melhores” não o conseguem dissimular: e é na vontade expressa nas performances
de movimentos como OWS, indignados, 15M, ou qualquer outro movimento actual cuja sua razão de ser passa primeiramente pela sua própria desilusão,
descontentamento, descredito, elementos de um cenário em cujo pano de fundo a
noite da desmistificação de um futuro livre surge, personificando-se na sombra
de quem acima se encontra (gerações mais velhas/ dominantes) e na imutável
sucessão – isto é, aquilo que eu contrariei/contestei no passado é aquilo que eu
defenderei no futuro! É aqui que reside a questão; e é preciso dar tempo à
história para que ela possa ser. Parece-me claro que Agnes Heller não possa ver
um futuro alicerçado num presente sem ideais/projectos, pois o seu pensamento
não é contemporâneo (no que diz respeito às “invisíveis” vontades expressas de
todos e todas que questionam a proveniência do seu pensamento e o seu futuro – o
não ser o que se é) e por isso desacredita os mais “novos” e as suas mensagens
de contestação onde não só estava expresso o “Não gostamos de vocês” mas também “We love you” O melhor dos 12 anos do séc. XXI foi o acordar do sono e dar conta do pesadelo da realidade para passar a reivindicar o sonho a que todos temos
direito independentemente de tudo o resto – essa é a prioridade, o resto vira
tal como o Sol vem depois de a noite cair.
http://www.ionline.pt/mundo/agnes-heller-todas-revolucoes-sao-traidas-porque-se-baseiam-ilusoes