Este é o teu poema
Feito de pedaços,
De lábios, cabelos e abraços.
Em sono desfeito, cozinhados,
Na luz da tempestade, temperados.
Um trovão, uma luz, uma aparição,
O teu olhar, o beijo, a minha perdição,
Por ter sido cobarde, por ter dito tão tarde,
O quanto o meu coração arde, o quanto o meu coração arde.
E agora me exponho,
Emerso na solidão,
Que tudo não passou de um sonho,
De uma noite em vão.
Aqui a coberto,
Do outro lado do mundo,
Espero por ti, enganado,
Como um cão abandonado.
E uivo sem fim,
Lobo,
Dingo,
Louco em frenesim!
Ai venenosa vontade,
De te ver nua em cada tarde!
Não voltarei nunca a faze-lo
A sonhar cheio de zelo,
Por uma mão cheia do teu cabelo.
Por um luar cheio do teu andar,
Por uma maré sempre a transbordar,
Com teu olhar, azul do mar.
Não é fácil saber amar.
Mornington, Fevereiro de 2009